De acordo com pesquisas, os índices de ansiedade no ambiente escolar apresentam tendência de crescimento, trazendo à tona realidades assustadoras nas instituições de ensino. Por isso, saiba como a sua escola pode se preparar para atuar em um momento tão delicado e utilizar esse cuidado como um diferencial! 🗣️🤝🌈
Leitura: 6 minutos
Introdução
Respiração ofegante? Bloqueio de pensamentos? Coração acelerado? Garganta seca? Mãos suando? Sensação de desmaio? Sim, estes são sinais claros de ansiedade!
Antes de uma reunião no trabalho, dias antes a algum acontecimento importante, momentos antes de uma apresentação para o público… em resumo, são diversas situações que podem levar a uma crise de ansiedade. Infelizmente, essa realidade faz parte da vida de muitas pessoas, independente de fatores como esfera social, gênero ou idade.
No que tange o fator idade, podemos ressaltar que engana-se quem acha que os transtornos de ansiedade são um problema exclusivo aos adultos. Ela está se apresentando de forma cada vez mais frequente em crianças e adolescentes.
Quando analisamos sob a ótica educacional percebemos que as instituições de ensino têm sentido os efeitos da ansiedade em seus alunos, principalmente devido ao isolamento social desencadeado pelo fechamento físico das instituições de ensino em resposta à pandemia de Covid-19.
Um caso que ganhou bastante repercussão na mídia foi o de 26 alunos de uma escola estadual no Recife que passaram mal apresentando sintomas como falta de ar, tremor e crise de choro. Os alunos foram atendidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que informou que eles tiveram crise de ansiedade.
Sendo assim, a pergunta que fica é: como lidar com a ansiedade no ambiente escolar? E a resposta mais inteligente é atuar com estratégias desenvolvidas por profissionais capacitados que atuem em parceria com a sua instituição de ensino.
Neste conteúdo, reunimos conceitos e estatísticas, além de dicas de como lidar com a ansiedade no ambiente escolar de forma empática. O nosso objetivo é te ajudar a estar preparado para situações como essa!
O que é ansiedade?
A ansiedade consiste em uma resposta natural do corpo ao estresse. É um sentimento de medo ou apreensão sobre o que está por vir, uma resposta corporal a situações percebidas como ameaçadoras ou desafiadoras. É uma emoção que envolve sentimentos de preocupação, nervosismo e apreensão em relação ao futuro.
A ansiedade, em pequenos níveis, pode ser uma resposta adaptativa que prepara o corpo para lidar com desafios, ajudando a pessoa a estar alerta e focada. Isso porque a ansiedade comum é um sentimento que vai e volta, mas não interfere na vida cotidiana.
😥 Entretanto, quando atinge um nível extremo, ou seja, caso os sintomas da ansiedade passem a ser frequentes e fortes a ponto de interferirem na rotina normal da vida, há grandes chances da pessoa ter desenvolvido um transtorno de ansiedade. Nesse caso, a sensação de medo pode ser uma realidade constante. Isto é, pode atuar até mesmo como um debilitante e afetar, em diferentes esferas e de várias formas, a vida da pessoa.
A ansiedade em números
Segundo levantamentos da Organização Mundial da Saúde (OMS):
Já de acordo com o relatório do Programa de Avaliação Internacional de Estudantes:
Compreendendo a ansiedade no ambiente escolar
A ansiedade entre estudantes é uma resposta natural a diversos fatores, desde expectativas acadêmicas até desafios sociais. Entender as raízes desse fenômeno é o primeiro passo para implementar soluções eficazes.
Em resumo, quando tratamos especificamente do cenário educacional, percebemos que para a pessoa socialmente ansiosa, o ambiente escolar apresenta muitas situações potencialmente estressantes. Fazer uma apresentação, responder a perguntas em sala de aula, fazer amigos ou participar de grupos são alguns exemplos.
Além disso, existem diferentes formas de manifestação da ansiedade. Aliás, esse é um dos motivos pelos quais pode ser difícil detectá-la em sala de aula. Contudo, o que todos os tipos têm em comum é o “bloqueio cerebral”. Ou seja, a pessoa está em sala, mas não consegue se desenvolver.
Tudo isso, de forma conjunta, torna o ambiente escolar difícil para o estudante. Isso porque ele está ali, mas não consegue “seguir o ritmo” dos demais. Resultado? Um sentimento negativo a longo prazo referente aos estudos.
Como detectar a ansiedade no ambiente escolar?
Como vimos, há diferentes tipos e intensidades quando se trata de ansiedade. Isso significa que em alguns casos, ela poderá ser fácil de identificar, como quando o aluno se sente nervoso antes de uma prova.
Entretanto, em outras ocasiões, a ansiedade pode parecer algo totalmente diferente. Ela pode se manifestar por meio de uma dor de estômago ou um comportamento retraído.
Além disso, a ansiedade também pode tornar os alunos agressivos. Isso porque, quando aborrecidos ou ameaçados, eles não sabem como lidar com os seus sentimentos. Dessa forma, tende-se a desenvolver uma reação de luta ou fuga. Ademais, esse sentimento pode se manifestar através de atos contra os demais alunos ou, até mesmo, contra o docente.
Além dos sinais descritos acima, o aluno que vivencia a ansiedade no ambiente escolar pode:
- Parar de socializar com colegas de classe;
- Apresentar elevada quantidade de falta;
- Possuir dificuldade de trabalhar em equipe;
- Desenvolver desatenção e inquietação;
- Enfrentar dificuldade para responder perguntas em aula.
Principais causas da ansiedade escolar
Pressão acadêmica
Cargas horárias intensas, exames e a busca pela excelência acadêmica podem gerar níveis elevados de ansiedade entre os estudantes.
Desafios sociais
Preocupações com aceitação, amizades e a necessidade de se encaixar socialmente também contribuem para a ansiedade no ambiente escolar.
Transições e mudanças
Mudanças de escola, de turma ou até mesmo a transição para novos níveis de ensino podem gerar ansiedade.
Ansiedade no ambiente escolar: o papel dos pais
Entender como os pais podem contribuir para enfrentar a ansiedade escolar é fundamental. Vamos explorar algumas maneiras pelas quais os pais podem desempenhar um papel construtivo nesse processo.
1. Observar e analisar
Tomando como ponto de partida que a escola é a continuação do lar, faz parte do papel dos pais averiguar os possíveis motivos para a criança estar desenvolvendo a ansiedade.
Se detectado que as causas da ansiedade podem estar na instituição de ensino, é primordial conversar com o estudante e perguntá-la sobre o que pode estar lhe preocupando. Talvez, possa ser a pressão por notas boas nas provas, dificuldade de socialização ou, inclusive, ausência de adaptabilidade.
2. Estabelecer comunicação aberta e empática
Um dos pilares fundamentais para lidar com a ansiedade escolar é uma comunicação aberta e empática. Os pais devem criar um ambiente onde os filhos sintam-se à vontade para expressar seus sentimentos, preocupações e desafios escolares. Estabelecer um diálogo honesto pode ser o primeiro passo para compreender as fontes de ansiedade e ajudar a minimizá-las.
3. Estabelecer contato ativo com a instituição de ensino
Caso o estudante não fale, os pais devem buscar um contato mais ativo com a equipe da escola, mais especificamente com o(s) docente(s) responsável(s) por lecionar para ela. Além disso, caso verifique que não há suporte para identificar e reverter o quadro de ansiedade, será preciso cogitar até mesmo uma possível transferência.
4. Considerar possíveis causas dentro de casa
Em contrapartida, caso seja identificado que o comportamento ansioso da criança deve-se principalmente a algum fator relacionado ao lar, os pais devem atuar sobre isso de forma a auxiliá-la a reverter esse quadro. E, se necessário, deve-se contar com profissionais capacitados para isso.
Vale a pena ressaltar que ao longo da rotina diária, o estudante deve ter um tempo reservado para brincadeiras, atividades ao ar livre e lazer, sem mencionar um tempo de 8 horas para dormir.
5. Estar envolvido na rotina escolar
Participar ativamente da rotina escolar dos filhos pode fornecer uma sensação de segurança e apoio. Isso inclui comparecer a eventos escolares, reuniões com professores, e estar ciente das atividades e desafios acadêmicos enfrentados pelos estudantes.
6. Criar estímulos ao desenvolvimento de habilidades de resiliência
Incentivar o desenvolvimento de habilidades de resiliência é essencial. Isso pode incluir ensinar estratégias de enfrentamento saudáveis, como a gestão do tempo, a definição de metas realistas e a busca por ajuda quando necessário.
7. Colaboração com profissionais de saúde mental
Em casos mais graves, buscar a colaboração de profissionais de saúde mental, como psicólogos ou terapeutas, pode ser necessário. A parceria entre pais, educadores e profissionais de saúde mental cria uma rede de apoio abrangente para lidar com desafios mais complexos.
8. Modelagem de comportamentos positivos
Os pais servem como modelos de comportamento para seus filhos. Demonstrando abordagens positivas para lidar com o estresse e a pressão, os pais podem influenciar positivamente as habilidades de enfrentamento dos filhos.
Sinais de ansiedade a serem observados
Geralmente, a ansiedade leva a pessoa a emitir sinais. Alguns deles incluem:
- Isolamento social: Estudantes ansiosos podem se retrair, evitando interações sociais.
- Mudanças no comportamento: Alterações no comportamento habitual, como irritabilidade ou apatia, podem indicar ansiedade.
- Desempenho acadêmico: Queda no desempenho acadêmico pode ser um indicativo de estresse excessivo.
Estratégias eficazes para enfrentar a ansiedade no ambiente escolar
Agora que já vimos como identificar a ansiedade nos alunos, chegou a hora de conferir as dicas de como lidar com ela!
1. Quebre o “círculo vicioso” gerado pela ansiedade e acolha
- As pessoas ansiosas estão presas em uma espécie de círculo vicioso de ansiedade social e expectativas negativas sobre o seu desempenho. Por isso, pode ser uma tarefa complexa quebrar esse ciclo. Mas é indispensável fazê-la entender que não está sozinha e que tanto os pais quanto a escola estão ali para ajudá-la.
2. Promova um ambiente de apoio
- Fomentar uma cultura escolar que valoriza a empatia e o apoio mútuo cria um ambiente mais propício ao enfrentamento da ansiedade.
3. Trabalhe a aprendizagem de competências socioemocionais
- Aprender habilidades socioemocionais é tão importante quanto aprender etapas básicas da educação como ler, escrever e realizar contas. Através das competências socioemocionais na educação pode-se começar desde cedo a trabalhar a inteligência emocional.
4. Crie programas de bem-estar mental
- Introduzir programas educacionais sobre saúde mental para alunos e educadores pode aumentar a conscientização e fornecer ferramentas para lidar com a ansiedade.
5. Tenha uma boa equipe de apoio
- Independentemente do tamanho da escola, reunir uma boa equipe de apoio é essencial. Portanto, conte com pessoas qualificadas e experientes, seja um professor ou funcionário de apoio dentro da sala de aula.
No caso dos ensinos médio e superior, o aluno geralmente tem vários professores. Sendo assim, é importante definir uma “pessoa indicadora” que seja responsável por ser uma espécie de “termômetro” para que a equipe psicopedagógica atue de forma mais direcionada.
6. Acesso a profissionais de saúde mental
- Disponibilize recursos como psicólogos escolares e orientadores para oferecer suporte individualizado aos alunos. O psicólogo, por exemplo, assume um papel importantíssimo quando o assunto é ansiedade no ambiente escolar, ele atua sobre as inseguranças e os problemas comportamentais dos alunos. Por isso, é primordial contar com o apoio desse profissional em sua escola.
7. Promova atividades relaxantes
- Introduzir práticas como meditação e yoga na rotina escolar pode ser benéfico para reduzir o estresse e promover o bem-estar.
Conclusão: a ansiedade no ambiente escolar já é uma realidade!
Infelizmente, a ansiedade é uma realidade na vida de muitas pessoas, incluindo as crianças e os adolescentes. Assim, quando analisada sob a ótica do ambiente escolar, ela atinge uma grande parcela dos estudantes, causando, dentre outros efeitos, desmotivação e dificuldade de aprendizagem.
Em resumo, dentre os sinais emitidos por alunos ansiosos estão a dificuldade para socializar com colegas de classe, a elevada quantidade de faltas, a desatenção e a inquietação.
Sendo assim, como forma de atuar sobre essas dificuldades, a instituição de ensino deve estruturar ações eficazes. Mostrar que o estudante não está sozinho através da prática da empatia, contar com ajuda especializada por meio de um profissional qualificado e, ainda, ter uma boa equipe de apoio são exemplos.
💡 Por fim, queremos saber de você: sua escola já pratica ações para mitigar os efeitos da ansiedade no ambiente escolar? Conte-nos a sua experiência!
Considerações finais
Caso tenha encontrado valor neste material, que tal compartilhá-lo com alguém que também possa aproveitar?
Até breve! 👋
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Para usar como referência acadêmica
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🔗 Formato ABNT:
ESTEVAM, Paloma. Ansiedade no ambiente escolar: como detectar, lidar e estruturar ações. Rubeus, 2020. Disponível em: https://rubeus.com.br/blog/ansiedade-no-ambiente-escolar/. Acesso em: XXXX. de XXXX.
🔗 Formato APA:
Rubeus. 2020, 16 novembro. Ansiedade no ambiente escolar: como detectar, lidar e estruturar ações. [Post da web]. Recuperado de https://rubeus.com.br/blog/ansiedade-no-ambiente-escolar/